Prova dos Nove!
No fim do ano, assumi, perante a minha família (e depois, aqui no blog) que em 2007 eu quero ser mais Tolerante!
Bom, eu achava que até estava a ser mais tolerante, pelo que ía ser relativamente fácil!
Imediatamente o Universo me pôs à prova, fez-me um teste e…
chumbei redondamente!
Exame:
Tinha de ir trocar uma camisola pelo numero acima uma loja (não publicito….).
Era mesmo final da tarde, e consegui chegar a horas de apanhar a loja aberta.
Entrei e expliquei o que queria ao senhor que me atendeu, muito simpático. De imediato foi buscar o número acima e perguntou se tinha o talão de troca. Procurei no saco e na carteira e não encontrei.
Então ele chamou uma senhora (jovem) e perguntou se podia fazer-me a troca sem talão.
A resposta foi não! Sem o cartão de troca não podiam efectuar trocas!
Fiquei irritada:
- “Está a brincar comigo! A camisola está embrulhada, com etiqueta, e está a dizer-me que vou levar uma camisola que não serve porque perdi um talão de compra – que vocês dizem que me deram???”
A senhora continuou de braços cruzados a dizer que davam sempre talão (e eu lembrava-me que mo tinham dado!) e que eram as regras e que na podia fazer nada!
Fiquei mais irritada e pedi para chamar gerente. Ela disse que era ela a gerente!
-É a gerente da loja e não pode fazer uma troca de uma peça pelo número acima??? Não acredito nisto! Nem nos hipermercados isto acontece! – Comentei, talvez com algum desprezo, tal era a minha irritação – Olhe lá, eu comprei aqui, quer que vá a banco pedir extracto do cartão para provar?
Então a gerente dirigiu-se à caixa e disse que, se eu soubesse a data da compra, podia procurar o número do talão! Procurou, mas como eu não sabia a data certa, não encontrou!...Combinei que ia confirmar a data no banco e saí furiosa!!!!
No dia seguinte, fiz a viagem mais longa de minha vida: pareceu uma eternidade o tempo que demorei de casa até à loja! (no relógio são 10 minutos).
Também foi uma das viagens mais importantes que fiz. Vou tentar descrever o diálogo que”ouvi” entre o meu Eu e meu Ego (anjo bom e anjo mau… o que seja!):
Ego: Bem, reconheço que ontem me enervei e posso até ter perdido a razão pela forma como reagi!
Eu: Ok! Então vais começar por assumir isso com a senhora!
Ego: Ok! Peço desculpa pela forma como falei e aproveito para explicar à senhora que não deve falar assim com um cliente; não deve começar por dizer que não…se tivesse começado por perguntar se eu sabia a data em que tinha comprado...
Eu: Lá estás tu armada em esperta! Queres pedir “des-culpa”, mas sair de nariz empinado, convencida que ainda ensinaste qualquer coisa à senhora!
Ego: E então? Isso não é bom para ela? Não a estou a ajudar explicando como fazer numa próxima vez?
Eu: E quem te diz a ti que tens de ensinar qualquer coisa? Que tal aprenderes tu e aceitares que erraste, com humildade e simplesmente aprenderes? Quem te diz a ti que ela precisa que lhe ensines?
Ego: Ok, ok! Já entendi: Vou só assumir que me portei mal, mas que já vinha stressada porque queria apanhar a loja aberta…por isso me irritei!
Eu: Lá estás tu outra vez com as tuas artimanhas mentais a procura de razões quando não as há! Podes inventar mil e uma razões para o facto de teres tido aquele comportamento! Podes até ter tido “razões”, mas são sempre as tuas razões!
Ego: Ops…pois é! Então, que vou fazer? Chego lá e peço desculpa. Ponto final. Não digo mais nada!
Eu: Ok. Pedes des---culpa e desculpabilizas-te perante ela! A ver se consegues sair da loja sem dizer mais nada!
Entrei, lá estava o mesmo senhor que me disse logo que tinham encontrado a data e o número do talão. Agradeci e perguntei pela gerente, que estava no andar de baixo com clientes. Desci, dirigi-me a ela, e disse que tinha vindo para pedir desculpa pela forma como tinha falado na véspera e que lhe queria dar um beijinho!
- Desculpa-me? Perguntei.
Estavam pessoas a olhar para nós e ela respondeu num tom que me soou com eco:
- Está desculpada!
Bem…confesso que internamente sorri e pensei cá para mim:
- Nunca tinham falado assim tão claramente “está desculpada!”
Geralmente as pessoas dizem que está tudo bem, não tem problema, etc.
Na rua acelerei o passo e comecei a rir sozinha!
Tinha conseguido!
Foi então que tornei a “ouvir” meu Eu:
- Pois é! Estava convencida que já era muito tolerante e chumbei logo no primeiro teste! Foi bem porque, lá n fundo, eu até achava que já estava a meio do caminho e, afinal, ainda estou no princípio!
Mas estou muito contente comigo porque chumbei mas aprendi mais uma lição e…
Passei na prova dos 9!
Engraçado…
O Ego não falou!
O meu Eu estava a falar comigo,
na primeira pessoa do singular!
Naquele momento, eu era o meu Eu!
E estávamos a rir no meio da rua!